A crise na cobertura vacinal que está levando ao retorno de doenças já erradicadas é um tema que preocupa a comunidade médica e foi um dos assuntos abordados durante o 77º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que reuniu quase três mil especialistas em Natal (RN), no último final de semana, de 5 a 7 de setembro.
De acordo com Dr. Paulo Oldani, que palestrou sobre “Vacinas em Dermatologia”, é essencial que todos os médicos estejam atualizados com o calendário de vacinação e incentivem a imunização, especialmente nos pacientes imunossuprimidos por medicamentos.
“O Brasil, conhecido mundialmente por sua excelência em vacinação, enfrenta uma preocupante crise de baixa cobertura vacinal. A taxa de imunização caiu drasticamente de mais de 90% para cerca de 50 a 60% nos últimos anos, resultando no retorno de doenças que estavam praticamente erradicadas, como o sarampo”, explica o médico dermatologista.
Apesar de muitas vacinas estarem disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), algumas, como a vacina contra o Herpes Zóster e a Pneumocócica 13, não estão inclusas. “É crucial que os pacientes estejam cientes das vacinas recomendadas, mesmo aquelas que não estão disponíveis no SUS, e busquem alternativas para se proteger”, orienta Dr. Oldani.
Segundo ele, com o aumento no uso de imunossupressores e imunomoduladores para tratar doenças dermatológicas, como psoríase e dermatite atópica, os pacientes se tornam mais suscetíveis a infecções. “Aqueles que precisam fazer uso de medicamentos imunossupressores devem ser orientados sobre a importância da vacinação antes de iniciarem esses tratamentos”, diz o especialista.
Pacientes imunossuprimidos devem ainda suspender os imunossupressores antes de vacinas com micro-organismos vivos, como a febre amarela. “Devido a essas pessoas possuírem baixa imunidade é necessário um planejamento cuidadoso para evitar riscos. No entanto, a maioria das vacinas pode ser administrada com segurança, mesmo nesses pacientes”, detalha Dr. Paulo Oldani.